O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade é um transtorno do neurodesenvolvimento comum que afeta principalmente crianças e adolescentes, mas que pode persistir na vida adulta. Mas o TDAH é um transtorno genético?
Vamos explorar mais a fundo os fatores que podem estar envolvidos na hereditariedade do TDAH, quais genes estão associados a ele e o que os estudos têm mostrado sobre o tema.
Também iremos compreender os limites entre TDAH e traços comuns de personalidade. Essa compreensão pode afetar a maneira como enxergamos e lidamos com o TDAH.
Desmistificando mitos populares: o que não causa TDAH?
Se você é um pai ou mãe de uma criança com TDAH, provavelmente já ouviu falar sobre os muitos mitos relacionados a essa condição. Alguns deles podem até ter parecido plausíveis, mas a verdade é que muitas dessas afirmações podem não ter nenhuma comprovação científica.
De acordo com estudos realizados pela centenária University of California, em Los Angeles (ou UCLA), o consumo de açúcar — por exemplo, não tem relação com o TDAH. Já aditivos e conservantes só pioram os sintomas em menos de 5 a cada 100 crianças em idade pré-escolar com o transtorno.
Com base em investigações efetuadas pelo Dr. Clay Brites, dificuldade de atenção que as pessoas com TDAH enfrentam não são causados por problemas na escola, como professores ruins ou falta de participação dos pais.
Outra ideia falsa é que o nosso mundo moderno e digital, com informações e estímulos constantes, seria o culpado pelo TDAH. Na verdade, essas são apenas histórias falsas que foram desmascaradas por pesquisas científicas desde os anos 1990.
Enquanto isso, pesquisas sugerem que as práticas de criação dos pais não são um fator importante na origem do transtorno. Claro, criar uma criança com TDAH pode ser difícil. Todavia isso geralmente é devido aos sintomas da condição em si, e não a problemas com a educação ou disciplina.
Portanto, é importante confiar na ciência e separar fatos de ficção quando se trata de TDAH. Então, o que causa uma pessoa ter TDAH? Continue lendo, vamos descobrir no próximo tópico.
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TDAH é hereditário?
Embora fatores não genéticos — como lesões cerebrais ou consumo de álcool e tabaco durante a gravidez — possam contribuir para a manifestação do transtorno, questões ambientais ou à criação familiar não parecem ter grande influência.
Quem tem TDAH já nasce?
Estudos com gêmeos indicam que a genética é responsável por grande parte da variação dos traços de TDAH entre as pessoas. Os cientistas estão atualmente identificando os genes envolvidos no TDAH e buscando entender como eles funcionam no cérebro humano.
Alguns desses genes já são conhecidos, como o DRD4 e o DAT1, que estão envolvidos com o neurotransmissor dopamina. Indivíduos com TDAH tendem a ter uma versão mais longa do gene DRD4, tornando suas células cerebrais de dopamina menos sensíveis às quantidades normais desse neurotransmissor.
O gene DAT1 pode ajudar a regular a atividade da dopamina no cérebro. Ele age ao investir na rapidez com que esse neurotransmissor remove-se da sinapse (aquele pequeno intervalo entre os neurônios).
Além disso, outros sete genes também foram identificados como prováveis genes de risco para o TDAH. Novas descobertas científicas relacionadas à genética do transtorno continuam a surgir.
Em resumo, o TDAH é um transtorno genético, causado por múltiplos genes, cada um contribuindo com uma pequena parcela do risco de alguém apresentar o transtorno. Embora a genética seja a principal responsável pela manifestação do TDAH, fatores não genéticos também podem ter algum papel na sua expressão.
TDAH ou traços extremos de personalidade?
Segundo análises realizadas por Russell A. Barkley, o TDAH pode ser simplesmente uma forma extrema de um traço humano normal — na maioria dos casos — e não uma condição puramente patológica.
Assim, todos nós possuímos traços que fazem parte de uma aptidão humana, e isto varia-se em grau e determina-se pela genética, como o traço de funcionamento executivo e de autocontrole.
Por exemplo, assim como herdamos diferentes alturas, pesos, inteligência e capacidade de leitura, também herdamos diferentes níveis de autocontrole e funcionamento executivo.
Quando as pessoas têm um baixo nível de traços dimensionais — como o TDAH — e essa condição faz com que tenham dificuldades em suas principais atividades de vida (relações sociais, educação, trabalho, etc), as rotulamos como tendo um transtorno.
Muitas vezes — ao rotulamos alguém como TDAH — podemos levar a uma visão distorcida da condição, como se fosse uma categoria separada e diferente de pessoas.
No entanto, isso pode mascarar o fato de que essas pessoas estão dentro do espectro de aptidões normais, e suas diferenças em relação a outras pessoas são apenas uma questão de grau, e não de uma natureza completamente diferente.
Conclusão
Todos nós temos algum grau de traço de TDAH, pois todos possuímos a capacidade de funcionamento executivo e autoregulação. A diferença está apenas na quantidade, não na qualidade.
Ao entender que o TDAH é apenas uma forma extrema de um traço que todos possuímos, e que é algo que herdamos naturalmente, podemos ver o transtorno de uma maneira mais positiva.
Agora que já está claro que o TDAH é um transtorno predominantemente genético, através dessa nova perspectiva conclui-se que o transtorno é uma diferença que precisa ser gerenciada e não como uma doença que precisa ser curada.
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